Introdução às Cirurgias Odontológicas na Distrofia Miotônica
A Distrofia Miotônica (DM) é um grupo de doenças genéticas que exibem miotonia (dificuldade de relaxar a musculatura) e fraqueza progressiva, podendo incluir comprometimento respiratório e cardíaco. Embora frequentemente associada a cirurgias ortopédicas e abdominais, muitos pacientes com DM também necessitam de intervenções odontológicas, como extrações, implantes ou cirurgias periodontais. Em Anestesia para Cirurgias Odontológicas em Pacientes com Distrofia Miotônica, exploramos as particularidades que envolvem a fraqueza muscular orofacial, a suscetibilidade a espasmos e o manejo criterioso de sedação e analgesia, garantindo um procedimento seguro e confortável.Desafios Específicos na Cavidade Bucal
A miotonia afeta não só a musculatura dos membros, mas também a orofacial, prejudicando a abertura bucal, a movimentação da língua e a deglutição. O paciente pode ter dificuldade de relaxar a mandíbula ou experimentar espasmos durante o procedimento, caso haja estímulos dolorosos ou tensão excessiva. Além disso, a fraqueza pode afetar a postura do pescoço e a estabilidade ao deitar na cadeira odontológica por tempo prolongado. Em Anestesia para Cirurgias Odontológicas em Pacientes com Distrofia Miotônica, o dentista e o anestesiologista coordenam estratégias para minimizar fadiga dos músculos orofaciais e evitar crises de rigidez, possibilitando um acesso bucal adequado.Avaliação Pré-Procedimento e Riscos Sistêmicos
Antes de qualquer procedimento odontológico, seja de pequeno ou médio porte, é essencial avaliar o grau de comprometimento sistêmico. Pacientes com DM podem exibir cardiomiopatia, arritmias e capacidade respiratória reduzida. Logo, o anestesiologista checa a função cardíaca via ECG e, se necessário, ecocardiografia, assim como a capacidade vital e sinais de insuficiência respiratória. Em Anestesia para Cirurgias Odontológicas em Pacientes com Distrofia Miotônica, detectar se o doente utiliza ventilação não invasiva (VNI) domiciliar ou apresenta episódios frequentes de miotonia direciona a escolha de técnica anestésica (local, sedação ou mesmo anestesia geral em ambiente hospitalar).Para evitar riscos maiores, pode-se optar por sedação leve, caso o paciente tolere bem procedimentos curtos e tenha reserva respiratória suficiente. Nos casos em que há disfunção bulbar ou cardiopatia severa, o ideal é conduzir a cirurgia em ambiente com capacidade de entubar e ventilar se ocorrer qualquer instabilidade.Anestesia Local e Sedação: Vantagens e Limites
Em intervenções simples (restaurações, pequenas extrações), a anestesia local com vasoconstritor (adrenalina a 1:100.000 ou 1:200.000) costuma bastar, contanto que a ansiedade e a dor do paciente sejam bem controladas. A sedação leve ou moderada por midazolam ou propofol em bolus fracionados pode reduzir a tensão e a chance de reflexos miotônicos. Em Anestesia para Cirurgias Odontológicas em Pacientes com Distrofia Miotônica, não se deve, porém, exceder a sedação, pois a depressão do drive respiratório, somada à fraqueza muscular, acarretaria hipoventilação.Nos bloqueios intraorais, a fraqueza de abertura bucal e possíveis deformidades da arcada dificultam a infiltração e aspiração. Se o paciente exibe alto risco de rigidez facial, manipular cuidadosamente a região e dividir a anestesia em pequenas doses fracionadas reduz o desconforto e a probabilidade de espasmos. A monitorização mínima com oxímetro de pulso e aferições seriadas de pressão arterial assegura detectar precocemente quedas de saturação ou hipotensão. Em muitos casos, a abordagem de consultório é viável quando o paciente apresenta DM em grau leve a moderado, sem disfunção bulbar significativa.Casos Mais Complexos: Indicação de Anestesia Geral
Cirurgias odontológicas extensas, como múltiplas extrações, enxertos ósseos ou cirurgias periodontais complexas podem demandar um tempo prolongado de boca aberta e manipulação invasiva. Quando a DM se encontra em estágio mais avançado ou há necessidade de sedação profunda, a anestesia geral em ambiente hospitalar surge como opção mais segura. Em Anestesia para Cirurgias Odontológicas em Pacientes com Distrofia Miotônica, a intubação é minuciosamente planejada, evitando succinilcolina e preferindo bloqueadores não despolarizantes titulados por TOF.O anestesiologista realiza pré-oxigenação cuidadosa e, quando possível, opta por TIVA (propofol + remifentanil) ou baixas concentrações de voláteis. A ventilação mecânica deve ser ajustada para preservar a função pulmonar, mantendo volumes correntes adequados sem barotrauma. A hipotermia é evitada para suprimir tremores pós-extubação, que poderiam desencadear miotonia. Ao término, só se procede à extubação se a força muscular e a respiração espontânea estiverem restabelecidas, com suporte de fisioterapia respiratória no pós-operatório imediato.Analgesia e Prevenção de Miotonia
A dor odontológica pode ser intensa e, caso não controlada, gerar estresse adrenérgico que favorece episódios miotônicos. Em Anestesia para Cirurgias Odontológicas em Pacientes com Distrofia Miotônica, a analgesia multimodal reduz a necessidade de altas doses de opioides (que deprimem ainda mais a respiração). Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), paracetamol, anestesia local efetiva e bloqueios complementares podem compor esse esquema, minimizando a supressão respiratória central. Em procedimentos extensos, a sedação monitorada pode incluir infusão de remifentanil em baixas concentrações, atenuando a dor sem prejudicar tanto o drive ventilatório.Outra questão é manter o paciente aquecido, pois o frio estimula tremores e exacerba a miotonia. Pequenos incrementos de sedação, como bolus de midazolam ou propofol, diminuem a tensão e a ansiedade que podem desencadear espasmos. Se, mesmo assim, surgir crise miotônica durante ou após a cirurgia, a aplicação de benzodiazepínicos ou relaxantes musculares não despolarizantes de curta duração podem interromper o surto.Manejo de Crises e Monitorização no Consultório
Se o procedimento for executado no consultório odontológico, a presença de um profissional anestesista ou cirurgião-dentista habilitado em sedação consciente é recomendada, especialmente em pacientes com DM moderada ou severa. Equipamentos de reanimação e suporte ventilatório devem estar ao alcance, pois crises de miotonia ou depressão respiratória podem ocorrer abruptamente. O oxímetro de pulso e o monitor de ECG não invasivo são essenciais, mesmo em sedação mínima.Em Anestesia para Cirurgias Odontológicas em Pacientes com Distrofia Miotônica, caso a extensão do procedimento ou o grau de doença sejam elevados, transferir a realização do ato para centro cirúrgico hospitalar é a escolha prudente, permitindo entubação, ventilação mecânica e uso de drogas anestésicas e vasopressores caso haja oscilações hemodinâmicas. Essa conduta favorece a segurança, pois a DM pode evoluir com disfunção cardíaca, arritmias e fadiga respiratória repentina.Exemplos de Aplicações Clínicas
Certa vez, acompanhei um adolescente de 16 anos com DM tipo 1 que precisava de extração de quatro terceiros molares inclusos. Pelo tempo cirúrgico e manipulação do arco inferior, optamos por anestesia geral no hospital, sem succinilcolina. A manutenção foi feita com TIVA (propofol + remifentanil), e a analgesia local com vasoconstritor (articaína) na área pericoronária. Houve mínima manipulação do bloqueio neuromuscular — apenas rocurônio em dose baixa, revertido ao final com sugammadex. A extubação foi tardia, na UTI, após garantir força satisfatória. O paciente evoluiu bem, sem crises miotônicas ou insuficiência respiratória.Noutro caso, uma paciente com DM de grau leve realizou restauração e exodontia de dois molares em consultório, sob anestesia local e sedação leve (midazolam). A monitorização incluiu oximetria e ECG básico, enquanto o ambiente foi mantido aquecido. Não se observaram complicações, e a pequena dose de midazolam foi suficiente para atenuar a ansiedade, evitando tremores e hiperventilação.Papel da Fisioterapia e Reabilitação no Pós-Operatório
Quando o procedimento odontológico é extenso ou realizado sob anestesia geral, o pós-operatório exige atenção à respiração e à dor orofacial. A fisioterapia respiratória pode ser necessária, principalmente se o doente teve manipulação prolongada ou se a sedação foi profunda. Exercícios de reexpansão e incentivo inspiratório previnem atelectasias. Em Anestesia para Cirurgias Odontológicas em Pacientes com Distrofia Miotônica, caso o paciente apresente dor significativa na cavidade oral, a estratégia deve equilibrar analgesia eficaz (reduzindo movimentos orofaciais forçados) e respirações adequadas.A monitorização na sala de recuperação deve descartar episódios de miotonia oromandibular que obstruam a via aérea ou dificultem a expulsão de secreções. A equipe avalia também a deglutição para evitar broncoaspiração, especialmente em DM com disfunção bulbar. Se tudo transcorrer bem, a alta pode ocorrer ainda no mesmo dia (procedimento ambulatorial), mas nos pacientes mais frágeis ou com maior extensão cirúrgica, a observação prolongada na UTI ou enfermaria se faz necessária.Conclusões e Recomendações Finais
Em Anestesia para Cirurgias Odontológicas em Pacientes com Distrofia Miotônica, fica evidente que as peculiaridades neuromusculares e cardiorrespiratórias da DM requerem abordagens individualizadas. Pequenos procedimentos podem ser conduzidos com anestesia local e sedação leve, desde que haja monitorização mínima e suporte para emergências. Em casos mais longos ou complexos, a anestesia geral no ambiente hospitalar é preferível, evitando succinilcolina, ajustando doses de relaxantes não despolarizantes e vigiando a miotonia. O controle térmico, a analgesia multimodal e a atenção na reversão do bloqueio neuromuscular complementam a segurança.O futuro aponta para a continuidade do refinamento das técnicas de sedação e monitorização, bem como novas terapias genéticas que poderão diminuir a severidade das manifestações musculares na DM. Até lá, o anestesiologista e o cirurgião-dentista, em sinergia com equipe de fisioterapia e enfermagem, garantem a proteção respiratória, o alívio da dor e a prevenção de crises miotônicas, resultando em procedimentos odontológicos mais seguros e eficazes.Avaliação pré-anestésica
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