Complicações Pós-Operatórias e Risco de Reativação da Doença na Esclerose Múltipla

A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença autoimune crônica que acomete o sistema nervoso central, caracterizada pela desmielinização e formação de placas que resultam em surtos de sintomas neurológicos variados. Quando submetidos a procedimentos cirúrgicos, pacientes com EM demandam atenção especial no pós-operatório, pois fatores como estresse cirúrgico, dor, infecção e variações de temperatura podem desencadear a reativação (exacerbação) da doença ou prolongar o tempo de recuperação. Em Complicações Pós-Operatórias e Risco de Reativação da Doença, examinamos como prevenir agravos neurológicos e promover uma recuperação segura. 

1. Fatores que Contribuem para a Reativação da EM no Pós-Operatório

  1. Estresse Cirúrgico: O trauma tecidual, a resposta inflamatória e a liberação de catecolaminas podem suscitar desequilíbrios imunológicos, afetando o curso da EM.
  2. Hipertermia: Elevação da temperatura corporal, seja por febre ou calor excessivo, agrava sintomas (fenômeno de Uhthoff) e pode precipitar surtos de EM.
  3. Infecções: A redução temporária da imunidade pós-cirúrgica e a presença de feridas aumentam o risco de infecções, que funcionam como gatilho para exacerbações.
  4. Dor Mal Controlada: O sofrimento prolongado pode gerar estresse sistêmico adicional, comprometendo a estabilidade neurológica.
 

2. Complicações Comuns no Pós-Operatório em EM

  • Dor Intensa: Procedimentos de grande porte ou ausência de analgesia multimodal adequadas elevam o estresse e potencializam o risco de surto.
  • Retardo na Mobilização: Fraqueza muscular pré-existente somada a imobilidade pós-cirúrgica pode resultar em trombose venosa profunda (TVP) ou infecções pulmonares.
  • Instabilidade Autonômica: Alguns pacientes com EM apresentam disfunções autonômicas, susceptíveis a hipotensão e arritmias, exigindo monitorização próxima.
  • Confusão ou Delirium: Raramente, mas podem surgir em idosos ou pacientes com envolvimento cognitivo, requerendo distinção de um possível novo surto ou apenas de um quadro confusional transitório.
 

3. Estratégias para Minimizar o Risco de Reativação

  1. Monitoramento de Temperatura: Garantir normotermia no pós-operatório, seja por aquecedores, cobertores ou controle ambiental, evitando hipertermia prolongada.
  2. Analgesia Multimodal: Associar analgésicos não opioides (AINEs, paracetamol) a bloqueios regionais ou opioides em doses fracionadas, reduzindo a liberação de mediadores estressores.
  3. Controle de Infecções: Implementar cuidados de higiene e protocolos de antibioticoprofilaxia, caso indicados, reduzindo a incidência de complicações infecciosas.
  4. Correção de Distúrbios Metabólicos: Verificar e corrigir anemia, eletrólitos e glicemia, mantendo estabilidade hemodinâmica para proteger a função nervosa.
 

4. Identificando Exacerbações no Pós-Operatório

Pode ser complexo distinguir entre um surto de EM e um déficit temporário por fatores como dor, fadiga cirúrgica ou retenção de fluidos. Alguns sinais que sugerem exacerbação incluem:
  • Surgimento de Novos Sintomas Neurológicos (ou agravamento marcado de sintomas prévios).
  • Persistência de Fadiga ou Fraqueza Além do Esperado para o porte da cirurgia.
  • Manifestações Sensitivas Inéditas (queimação, formigamento incomum) associadas ao aumento de lesões desmielinizantes.
Nesses casos, a avaliação neurológica precoce e, quando preciso, a realização de exames de imagem (como ressonância magnética) ou alteração do esquema de medicação (corticoterapia) podem ser necessários. 

5. Abordagem Multidisciplinar e Cuidados Complementares

  • Fisioterapia Precoce: Minimiza complicações como atrofia por desuso e tromboses, além de melhorar a circulação e o retorno venoso.
  • Neuroreabilitação: Em pacientes com exacerbações motoras, exercícios específicos ajudam a recuperar amplitude de movimento e força.
  • Suporte Psicológico: Considerar acompanhamento psicológico ou psiquiátrico se houver impacto emocional do procedimento, aliviando estresse.
  • Comunicação com o Neurologista: Ajustar medicações imunomoduladoras ou corticoides após análise do risco de surto, colaborando para uma recuperação mais estável.
 

Conclusões

Em Complicações Pós-Operatórias e Risco de Reativação da Doença na Esclerose Múltipla, o grande desafio reside em controlar fatores estressantes — como dor, infecções, hipertermia e desequilíbrios metabólicos — que podem acionar surtos neurológicos. Uma vigilância contínua, analgesia adequada, prevenção de infecções e manutenção da temperatura corporal são as principais intervenções para minimizar a probabilidade de exacerbações. Além disso, a participação de uma equipe multidisciplinar, aliada ao monitoramento rigoroso no pós-operatório, é fundamental para detectar precocemente quaisquer sinais de reativação, garantindo intervenção imediata e eficácia no cuidado ao paciente com EM.

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