A Síndrome de Marfan é uma doença do tecido conjuntivo de origem genética, com expressiva repercussão no sistema cardiovascular, musculoesquelético e neurológico. Seu manejo anestésico requer abordagem meticulosa, com atenção especial às possíveis complicações vasculares — como dissecção aórtica — e às alterações anatômicas que afetam o sistema nervoso central e periférico.
A principal preocupação em pacientes com Marfan é a fragilidade da parede vascular, em especial da aorta ascendente, predispondo a aneurismas e dissecções espontâneas. Procedimentos invasivos ou até pequenas elevações na pressão arterial podem desencadear eventos catastróficos.
Pacientes com Marfan frequentemente apresentam ectasia dural lombossacral, que pode levar à falha de bloqueios raquidianos e peridurais, além de alterações no volume de distribuição dos anestésicos locais.
A escolha da técnica anestésica deve considerar o tipo de procedimento, os riscos vasculares e a anatomia do paciente.
O risco de complicações cardiovasculares continua elevado no pós-operatório, exigindo monitorização contínua em sala de recuperação ou UTI, conforme a complexidade do caso.
O paciente com Síndrome de Marfan exige um planejamento anestésico altamente individualizado, baseado em avaliação cardiovascular prévia, atenção à anatomia neuraxial e estratégias que evitem flutuações hemodinâmicas. O trabalho conjunto com cardiologistas, geneticistas e neurologistas é fundamental para garantir segurança e bons desfechos.