A necessidade da visão multidisciplinar no atendimento psicomotor e critérios para uma psicomotricidade baseada em evidências

Texto publicado no livro dos anais do I Congresso internacional de psicomotricidade da Associação Vem Ser

Em nossa prática diária somos confrontados com a expectativa do paciente que busca encontrar em nós a solução de suas dores. Mesmo que estejamos atualizados e prontos com o nosso melhor, nem sempre atingimos o objetivo desejado. Mas a chave para o progresso é a humildade. Uma vez reconhecida a deficiência é possível tratá-la com a busca pelo conhecimento. Mas apesar do intenso esforço para o avanço científico, o conhecimento humano é exíguo, com parcas conquistas que levam tempo. Porém o conhecimento já alcançado se tornou impossível de dominar-se por um único indivíduo.

Devemos, portanto, ter clareza sobre o nosso objeto de trabalho: o ser humano e seu corpo. Em toda a complexidade envolvida neste binômio. E vamos dividir isto em 3 pontos:

A infinita variabilidade de combinações cromossômicas e suas expressões fenotípicas e genotípicas, o que justifica o termo “indivíduo”. Pois cada ser é único.

A imprevisibilidade da resposta individual a um tratamento proposto. Seja ele farmacológico, cirúrgico, comportamental ou físico. Porém o domínio

A ausência de conhecimento científico o suficiente para dar sustentação ao diagnóstico e à terapêutica.

À vista de tamanha complexidade, e reconhecida a incapacidade de um profissional dominar todos os aspectos do conhecimento científico necessários ao atendimento, desde o seu diagnóstico, passando pelo domínio das táticas terapêuticas disponíveis até a sua aplicação visando a solução da expectativa do paciente, isto nos coloca obrigatoriamente diante de 2 necessidades:

Uma formação profissional com alta especificidade, mas com ampla base de conhecimento, permitindo ao profissional perceber as carências que possui, e uma vez identificadas, ser capaz de interagir com o profissional da área complementar necessária. Seja ele médico, dentista, farmacêutico, nutricionista, educador físico, pedagogo ou psicólogo, visando o objetivo último nosso: a resolução da dor do paciente.

Um incentivo para a produção científica profícua em psicomotricidade, para que tenhamos um atendimento cada vez mais baseado em evidências e não mais em experiências práticas do profissional.

O futuro de uma psicomotricidade sólida repousa sobre uma formação profissional de qualidade e produção científica, criteriosa. Juntas, estas são a chaves para o progresso, mesmo que lento, do atendimento psicomotor baseado em evidências. São ambos, quesitos indispensáveis para um atendimento mais assertivo, resolutivo e que dará respaldo e confiança ao profissional psicomotor nas discussões de caso em reuniões multidisciplinares.

 

Prof. Dr. Ivan Vargas Rodrigues

 

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