A Síndrome de Marfan, além das manifestações cardiovasculares conhecidas, traz alterações significativas no sistema musculoesquelético, que impactam diretamente a abordagem anestésica. Pacientes com essa síndrome apresentam anomalias na coluna vertebral, articulações hipermóveis e alterações faciais e cranianas, que exigem planejamento meticuloso no manejo da via aérea e posicionamento cirúrgico.
As características orofaciais típicas da síndrome incluem palato ogival, retrognatia e micrognatia, associadas a hipermobilidade ligamentar cervical. Essa combinação pode dificultar a visualização glótica durante a laringoscopia convencional.
A escoliose toracolombar é uma alteração comum na síndrome de Marfan, podendo dificultar ou até inviabilizar a realização de raquianestesia ou peridural.
A hipermobilidade articular e fragilidade do tecido conjuntivo tornam os pacientes propensos a luxações e lesões ligamentares mesmo com manobras simples de posicionamento.
As alterações esqueléticas na Síndrome de Marfan ampliam os desafios anestésicos, exigindo uma abordagem técnica refinada e vigilante. A intubação deve ser cuidadosamente planejada, considerando as alterações craniofaciais e cervicais. Os bloqueios neuraxiais precisam ser avaliados caso a caso, com o apoio da ultrassonografia, e o posicionamento cirúrgico deve priorizar a integridade articular. Um time multidisciplinar e bem preparado é fundamental para garantir a segurança perioperatória desses pacientes.