A Síndrome de Guillain-Barré (SGB) é uma polineuropatia inflamatória aguda que afeta os nervos periféricos, levando à fraqueza muscular progressiva, arreflexia e, em casos graves, comprometimento respiratório. Diante dessa condição, o manejo anestésico envolve desafios adicionais, especialmente no uso de bloqueadores neuromusculares. A seguir, entendemos por que existe o risco de paralisia prolongada nesses pacientes e como contornar esse problema no perioperatório.
Por que a Resposta Pode Estar Alterada?
A resposta autoimune na SGB resulta em desmielinização (ou, em alguns subtipos, em acometimento axonal) das fibras nervosas, alterando a transmissão neuromuscular. Em consequência, a sensibilidade a relaxantes musculares (tanto despolarizantes quanto não despolarizantes) torna-se imprevisível, e a fraqueza de base pode ser exacerbada. Há relatos de hiperpotassemia ou bloqueio excessivo quando se usa succinilcolina, enquanto agentes não despolarizantes podem apresentar ação prolongada ou início atípico.Succinilcolina ou Não Despolarizantes?
A succinilcolina, tradicionalmente empregada para indução de sequência rápida, levanta temores de hiperpotassemia súbita em polineuropatias e miopatias. Embora o risco não seja tão alto quanto em doenças como distrofias musculares, a literatura aponta casos de reações severas em SGB. Muitos anestesiologistas preferem evitar a succinilcolina e recorrer ao rocurônio em dose elevada, revertendo depois com sugammadex. Já agentes não despolarizantes (rocurônio, cisatracúrio, vecurônio) devem ser administrados com titulação rigorosa, pois podem se prolongar mais do que o esperado.Como Minimizar a Paralisia Prolongada
- Monitorização Neuromuscular Contínua: O uso do TOF (Train-of-Four) permite ajustar doses de bloqueadores musculares de modo preciso, evitando bloqueio residual ao final da cirurgia.
- Doses Menores e Ajustes Fracionados: Em vez de uma única dose-padrão, é mais seguro iniciar com quantias reduzidas e complementar conforme a leitura do TOF.
- Analgesia Multimodal: O controle eficaz da dor diminui a necessidade de opioides e relaxantes no intraoperatório, favorecendo a recuperação motora precoce.
- Vigilância no Despertar: A extubação só deve ser feita após reversão completa do bloqueio, diferenciando a fraqueza pré-existente de um possível resquício de paralisia farmacológica.
Aspectos do Pós-Operatório
Na SGB, qualquer prolongamento inesperado da paralisia pode resultar em retenção de secreções pulmonares, necessidade maior de suporte ventilatório e atraso na reabilitação motora. A fisioterapia respiratória precoce ajuda a mobilizar secreções e a manter trocas gasosas adequadas. A equipe deve ficar alerta a sinais de hipotensão e arritmias, já que a disfunção autonômica pode persistir.Conclusões Em pacientes com Síndrome de Guillain-Barré, o risco de paralisia prolongada a partir de bloqueadores neuromusculares não é desprezível. O planejamento anestésico deve levar em conta a fragilidade neuromuscular, a possibilidade de hiperpotassemia e a sensibilidade alterada a relaxantes. Monitorização neuromuscular contínua, cuidado na dosagem e uma analgesia multimodal compõem as melhores estratégias para prevenir complicações e promover a recuperação funcional no pós-operatório.Avaliação pré-anestésica
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