A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença autoimune desmielinizante que acomete o sistema nervoso central, resultando em lesões multifocais com impacto significativo na qualidade de vida do paciente. Tais alterações neurológicas influenciam diretamente a escolha e manejo da anestesia, tornando crucial uma abordagem individualizada para garantir segurança e eficácia durante procedimentos cirúrgicos.
Avaliação Pré-Anestésica em Pacientes com Esclerose Múltipla
A avaliação pré-anestésica é determinante para identificar o estágio da doença, o padrão de crises e as medicações utilizadas pelo paciente. Deve-se considerar o histórico completo da doença, tratamentos anteriores e presença de sintomas como fraqueza muscular, disfunção autonômica, fadiga, comprometimento respiratório ou disfagia. A obtenção detalhada desses dados orienta na seleção adequada da técnica anestésica e evita exacerbações da doença no período perioperatório.Impacto da Anestesia na Progressão da Esclerose Múltipla
Há controvérsias sobre o impacto direto da anestesia na evolução da Esclerose Múltipla (EM). Estudos indicam que, embora procedimentos anestésicos não provoquem diretamente a progressão da doença, fatores associados (como estresse cirúrgico, hipertermia ou hipotensão prolongada) podem desencadear crises ou exacerbações. Por isso, técnicas anestésicas menos invasivas, como anestesia regional com mínima exposição sistêmica, podem ser preferidas em determinados cenários clínicos.Uso de Relaxantes Musculares e Esclerose Múltipla
Pacientes com Esclerose Múltipla frequentemente apresentam resposta alterada a bloqueadores neuromusculares. Alguns estudos sugerem resistência relativa aos bloqueadores despolarizantes como a succinilcolina, enquanto outros demonstram prolongamento imprevisível do efeito de relaxantes não despolarizantes. O monitoramento neuromuscular contínuo (TOF – Train-of-Four) é essencial para prevenir bloqueios residuais, evitando complicações respiratórias e prolongamento desnecessário da recuperação.Técnicas de Anestesia Regional: Indicações e Precauções
Anestesia regional pode ser uma excelente escolha para reduzir o impacto sistêmico da anestesia geral, contudo, há necessidade de atenção redobrada ao risco potencial de exacerbação dos sintomas neurológicos. Embora controverso, o bloqueio neuraxial pode ser utilizado com cautela em casos selecionados, desde que se monitore rigorosamente a evolução neurológica pós-procedimento. O uso do ultrassom para bloqueios periféricos aumenta a segurança e eficácia, minimizando complicações.Manejo da Temperatura Corporal
Alterações de temperatura, especialmente hipertermia, podem agravar sintomas neurológicos em pacientes com Esclerose Múltipla. Portanto, monitorização contínua da temperatura corporal e o controle rigoroso são fundamentais durante o período intraoperatório. A prevenção de hipertermia com mantas térmicas, ajustes cuidadosos na temperatura da sala operatória e fluidos aquecidos ajudam a manter o equilíbrio térmico e evitam exacerbação dos sintomas da doença.Cuidados Pós-Operatórios: Prevenindo Exacerbações
No pós-operatório imediato, o paciente deve ser monitorado quanto ao retorno das funções neurológicas prévias e sinais de crise ou exacerbação. Analgesia multimodal (associação de anti-inflamatórios não esteroides, paracetamol e opioides em doses reduzidas) é recomendada, garantindo conforto sem excesso de sedação. Fisioterapia respiratória precoce, boa hidratação e monitorização de desequilíbrios eletrolíticos e metabólicos são fundamentais para uma recuperação adequada e sem complicações.Recomendações e Considerações Finais
Na prática anestésica em pacientes com Esclerose Múltipla, a avaliação pré-anestésica detalhada, o manejo cauteloso de relaxantes musculares e a preferência por técnicas menos invasivas são fatores essenciais. O monitoramento contínuo, controle rigoroso da temperatura e analgesia eficaz são medidas que colaboram diretamente para prevenir complicações pós-operatórias e promover rápida recuperação funcional. Uma abordagem multidisciplinar, integrando neurologistas, anestesiologistas, fisioterapeutas e enfermeiros, é decisiva para resultados seguros e eficazes nesses pacientes.Avaliação pré-anestésica
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