Alterações Neuromusculares e Risco de Bloqueios Regionais na CMT

Introdução à Charcot-Marie-Tooth (CMT) e Considerações Neuromusculares

A Doença de Charcot-Marie-Tooth (CMT) constitui uma neuropatia hereditária caracterizada pela degeneração das fibras nervosas periféricas, resultando em fraqueza e atrofia muscular, sobretudo nas extremidades distais. Conforme a progressão, surgem deformidades dos pés e alterações sensitivas diversas. Em Alterações Neuromusculares e Risco de Bloqueios Regionais na CMT, avaliamos como a patologia pode interferir na distribuição e eficácia dos anestésicos locais em bloqueios periféricos ou neuraxiais, bem como os riscos potenciais ligados à deterioração adicional das fibras nervosas no pós-operatório. 

Fisiopatologia de CMT e Influência na Transmissão Nervosa

A CMT envolve alterações genéticas que prejudicam a mielina (forma desmielinizante) ou o próprio axônio (forma axonal). Esse processo culmina em condução nervosa mais lenta ou enfraquecida. Nos bloqueios regionais, a difusão do anestésico local e a resposta à neuroestimulação podem ser diferentes, pois as fibras já se encontram danificadas. Em Alterações Neuromusculares e Risco de Bloqueios Regionais na CMT, há preocupação de que a injeção de anestésico local em proximidade a nervos alterados possa agravar deficits, ainda que a incidência real de tais complicações seja rara, desde que se adotem técnicas corretas (p. ex., ultrassom) e baixos volumes. 

Benefícios Potenciais dos Bloqueios Regionais

Em vários cenários cirúrgicos, os bloqueios periféricos ou neuraxiais substituem ou reduzem a necessidade de anestesia geral e relaxantes sistêmicos, beneficiando pacientes com reserva muscular limitada. O bloqueio regional permite analgesia prolongada e menor exposição a opioides, o que pode ser vantajoso em CMT, caso a fraqueza respiratória seja leve a moderada. Em Alterações Neuromusculares e Risco de Bloqueios Regionais na CMT, a analgesia segmentar reduz a dor pós-operatória e acelera a mobilização. Todavia, a escolha cuidadosa da técnica é imprescindível para minimizar o risco de trauma nervoso adicional. 

Risco de Lesão Nervosa Adicional e Injeção Intraneural

Por afetar a bainha de mielina ou o axônio, a CMT pode reduzir a sensibilidade à dor ou gerar sensações alteradas. Assim, o feedback durante a punção com técnicas de “parestesia” fica comprometido, o que pode elevar a chance de injeção intraneural acidental. Em Alterações Neuromusculares e Risco de Bloqueios Regionais na CMT, o uso de ultrassom e neuroestimulação em baixas correntes auxilia a evitar punções traumáticas, pois a resposta motora esperada pode ser diminuída ou ausente em áreas de inervação mais comprometida. A punção intraneural aumenta o risco de neurite, hematomas e danos adicionais, fator crítico em quem já apresenta neuropatia crônica. 

Técnica de Neuroestimulação: Limitações em CMT

Na prática, a neuroestimulação (recurso comum para localizar nervos) pode exigir correntes maiores ou menor sensibilidade na detecção da contração muscular, pois a CMT afeta a excitabilidade das fibras nervosas. O anestesiologista precisa estar ciente de que, mesmo com estímulos mais intensos, a resposta motora pode ser fraca ou ausente. Em Alterações Neuromusculares e Risco de Bloqueios Regionais na CMT, a ultrassonografia desponta como método complementar ou preferencial, pois visualiza diretamente o nervo e a disseminação do anestésico local, diminuindo a dependência da resposta muscular atenuada. 

Bloqueios Neuraxiais: Raqui e Peridural

Os bloqueios neuraxiais (raqui ou peridural) podem oferecer analgesia extensa e eficaz em cirurgias de membros inferiores ou abdome baixo. Todavia, algumas considerações são cruciais:
  1. Altura do Bloqueio: Pode induzir maior hipotensão se houver disfunção autonômica leve associada.
  2. Percepção de Parestesias: A sensibilidade alterada pode mascarar complicações ou dificultar a identificação de punção acidental.
  3. Progressão do Anestésico Local: Em Alterações Neuromusculares e Risco de Bloqueios Regionais na CMT, é possível que a distribuição do anestésico se apresente normal, mas é recomendável usar concentrações baixas e titulação cuidadosa, sobretudo se a função respiratória estiver um pouco comprometida.
 

Bloqueios Periféricos Guiados por Ultrassom

Para cirurgias ortopédicas de extremidades (pé, joelho, tornozelo, mão), os bloqueios periféricos ganham protagonismo, pois evitam anestesia geral ou neuraxial em pacientes com CMT avançada. A ultrassonografia, em substituição ou associação à neuroestimulação, possibilita a visualização direta do nervo, mesmo que este esteja com arquitetura alterada. Em Alterações Neuromusculares e Risco de Bloqueios Regionais na CMT, a técnica guiada por ultrassom reduz punções equivocadas e riscos de injeção intraneural, pois se avalia em tempo real a dispersão do anestésico local em torno do feixe nervoso. 

Considerações sobre Doses e Concentrações

Embora a CMT não seja sinônimo de hipersensibilidade incontestável aos anestésicos locais, recomenda-se prudência ao escolher volumes e concentrações. Agentes de longa duração podem oferecer analgesia prolongada, mas, se ocorrer algum dano ou complicação, a reversão é mais difícil. Em Alterações Neuromusculares e Risco de Bloqueios Regionais na CMT, a política de “menor volume e concentração eficaz” é preferível, sobretudo em bloqueios proximais, limitando o risco de espalhar-se para nervos mais acometidos que possam reagir de forma adversa. 

Exemplos de Manejo Prático

 
  • Bloqueio de Tornozelo: Para correção de deformidade do pé (pé cavo), associando ultrassom ao uso de anestésico local de média duração (lidocaína ou mepivacaína) em baixa concentração. Evitar volumes grandes ou correntes de neuroestimulação excessivas, visto que a resposta motora pode ser menor.
  • Raquianestesia em Cirurgia de Joelho: Optar por raquianestesia de baixas doses (por exemplo, bupivacaína hiperbárica 0,5% em 7-10 mg) assegurando nível cirúrgico sem alcançar bloqueio motor amplo. Monitorar sinais de hipotensão e a qualidade do bloqueio sensitivo, pois a neuropatia pode mascarar percepções de dor.
 

Conclusões e Recomendações

Em Alterações Neuromusculares e Risco de Bloqueios Regionais na CMT, a abordagem deve ser altamente individualizada. Embora as técnicas de anestesia regional possam oferecer analgesia satisfatória e evitar agentes sistêmicos, a neuropatia subjacente impõe possíveis desafios na identificação e preservação do nervo, sobretudo se a sensibilidade estiver reduzida. O uso de ultrassom assume grande relevância para aprimorar a segurança e a precisão, reduzindo punções intraneurais. A titulação cuidadosa de volumes e concentrações e a vigilância no pós-operatório completam a conduta, garantindo analgesia eficiente, menor risco de complicações e melhor reabilitação para esses pacientes com CMT.

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