A avaliação pré-operatória é mesmo necessária?

Trabalho publicado no COPA2021 (congresso paulista de anestesiologia)Autores: Rodrigues IV, Regatieri FLF, Giro G

Introdução:

A avaliação pré-anestésica (APA) é parte imprescindível da anestesia. É neste momento que conhecemos a saúde do paciente (Pcte), suas necessidades e limitações. Porém os cirurgiões frequentemente questionam sua necessidade. Mesmo após a resolução 1802/06, ainda há dificuldade de entendimento dos cirurgiões e o desconhecimento do Pcte sobre sua necessidade. Visando entender melhor os riscos, levantamos as informações contidas nos prontuários do ambulatório de APA. Focamos nas patologias presentes nestes Pctes e o risco somado ao procedimento.
Métodos:
Separamos 186 prontuários dos Pctes de APA entre 2006 e 2008. Incluímos os Pctes de cirurgias odontológicas por 2 motivos:  evitar o viés do impacto emocional de diferentes tipos cirurgias e o viés de alta incidência de uma patologia específica. Também excluímos os prontuários incompletos e Pctes menores de 18a. Tabulamos os dados e classificamos, separando por sexo, faixa etária, hábitos e patologias.

Resultados:

A maioria eram mulheres, com 67,6%.A distribuição de idade foi entre 18 e 78a, com idade média de 51a, sem diferença estatística nos 2 sexos.51,3% Pctes eram ansiosos e 9,7% dos Pctes eram depressivos.Já 20,5% apresentavam alergia a medicamentos (AM).A incidência de hipertensão (HAS) foi de 16,2%. Porém maior em homens, com 21,7%.Quanto a Diabetes, eram 4,3% com maior incidência em homens.Quanto a hábitos, 33% eram etilistas e 26,5% tabagistas.

Conclusões:

A APA, à pesar de sua importância, é negligenciada tanto pelos anestesistas como pelos cirurgiões. E estes, muitas vezes dificultam o acesso do Pcte à APA. Além disso, o desconhecimento do Pcte quanto à necessidade da APA, torna difícil sua adesão à APA. Não obstante, a APA é parte importante da anestesia. Pois é a partir dela que conseguimos prever as complicações e  também planejamos o procedimento. Aqui nós focamos nas patologias e hábitos que interferem na anestesia.  Vimos que 51% sofria de ansiedade. Isto valida a importância de conversar antes da anestesia. Vale lembrar a interferência entre medicamentos usados nestes pacientes e a anestesia. Vimos ainda que 20,5% tinham alergia a medicamentos. Saber disto nos livra de uma complicação evitável. Já a HAS é uma das causas de cancelamento cirúrgico. O conhecimento e o controle prévio da HAS evitaria o cancelamento, além de evitar riscos. Portanto, além de necessária, a APA é imprescindível se quisermos realizar uma anestesia segura, minimizando complicações e custos. 

Referências:

  1. Título disponível em < http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/cfm/2006/1802_2006.htm> acessado em 12/02/2020.
  2. Azevedo V.L.F., Azi L.M.T.A., Dumares D.M.H, Identificação do Pcte de alto risco cirúrgico. In Brandão J.C.M., Miranda C.A., Leal P.C., et al. Medicina perioperatória e anestesia. Sociedade Brasileira de Anestesiologia, 2019; páginas 1-20.
   

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